Terça-feira da 5ª semana da Quaresma

Evangelho do dia

Evangelho segundo São João 8,21-30.

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou».
Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: "Vós não podeis ir para onde Eu vou"?».
Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.
Ora, Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados».
Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?». Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo.
Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi».
Eles não compreenderam que lhes falava do Pai.
Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que Eu sou e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou.
Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado».
Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram nele.
Tradução litúrgica da Bíblia

São Máximo de Turim (?-c. 420)

bispo

Sermão CC 57; PL 57, 339

«Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que Eu sou»

Cristo nosso Senhor foi crucificado para libertar a humanidade do naufrágio deste mundo [...]. No Antigo Testamento, Moisés tinha erigido [...] uma serpente de bronze amarrada a uma estaca, instando o povo a depositar a sua esperança de cura neste sinal (cf Nm 21,6 s), do qual retirou remédio de tão grande poder contra as picadas das serpentes que os feridos, voltando-se para a serpente, se enchiam de esperança e recuperavam rapidamente a saúde. O Senhor não deixa de recordar este episódio no Evangelho quando diz: ««Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado» (Jo 3,14). [...] A serpente é, pois, a primeira a ser crucificada, e é-o por Moisés. É justo que assim seja, já que o diabo foi o primeiro a pecar aos olhos do Senhor (cf Gn 3). [...] A serpente é crucificada numa vara, o que é justo, dado que o homem foi enganado por via da árvore do desejo; doravante, será salvo por uma vara pregada a outra árvore. [...] Depois da serpente, é o homem que é crucificado no Salvador, a fim de que a punição não alcance apenas o responsável, mas também o crime. A primeira cruz vinga a serpente, a segunda o seu veneno [...]: o veneno que a sua persuasão incutiu no homem é rejeitado e sanado. [...] Eis o que o Senhor fez com a sua natureza humana: Ele, o inocente, sofreu; nele, a desobediência causada pela famosa mentira do diabo foi corrigida; libertado da sua culpa, o homem foi libertado da morte. Uma vez que temos como Senhor aquele Jesus que nos libertou pela sua Paixão, mantenhamos os olhos fixos nele, na esperança de encontrarmos neste sinal a cura para as nossas feridas. Se o veneno da avareza se espalhou dentro de nós, olhemos para a cruz e ela nos livrará; se o desejo, esse escorpião, nos corrói, imploremos-lhe e ela nos curará; se as mordeduras dos pensamentos deste mundo nos dilaceraram, oremos e viveremos. Estas são as serpentes espirituais da nossa alma; e o Senhor foi crucificado para as espezinhar. Ele próprio diz: «Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano» (Lc 10,19).

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